Olá querid@s leitores!
Aqui estamos com este belo tema! Escrever sobre tantra não é lá muito fácil...
Aqui estamos com este belo tema! Escrever sobre tantra não é lá muito fácil...
Já
havia tentado algumas vezes e acabei por desistir no caminho, pois para mim,
tentar colocar tantra em palavras reduz quase completamente o seu significado, no meu entendimento. Percebi que para elucidar o que é tantra da forma como o
compreendo precisaria passar por todas as instâncias da existência, o que
renderia um volumoso livro, e para isso, prefiro indicar os bons livros já
publicados.
Contudo,
tentarei trazer de forma sucinta alguns pontos mais relevantes pra ocasião
deste texto e relatar algumas das minhas experiências neste caminho, na
intenção de favorecer algumas reflexões para quem se interessa por este tema.
Shri Yantra |
Tantra
é uma palavra do sânscrito que apresenta vários significados distintos, mas,
ainda assim, correlacionados. Vem do radical tan (estirar, estender, expandir), com o sufixo tra, que indica instrumentalidade.
Conforme o contexto pode ser traduzida como teia, tear, tecelagem,urdidura,
lançadeira, continuidade, sucessão, sistema, ritual, doutrina, compêndio, escritura, inicialmente escrituras contendo
ensinamentos do tantra, mas também se refere a livros didáticos e manuais em
geral.
Dentre
estes vários significados, podemos entender tantra como instrumento de
expansão, e esta expansão refere-se à consciência, sabedoria, iluminação.
Eu
particularmente gosto de “teia” ou “tear”, pois traz para mim uma imagem do
todo interconectado da existência, a grande malha cósmica que une, está e
contém tudo e todos(as) simultaneamente.
Segundo
André Van Lysebeth, atualmente “para a maioria dos indianos, tantra designa
qualquer doutrina ou culto não-védico (...)”; e segundo Georg Feuerstein,
“historicamente, tantra denota um estilo particular ou gênero de ensinamentos
espirituais que começou a ganhar espaço na Índia cerca de 1500 anos atrás –
ensinamentos que afirmam a continuidade entre Espírito e matéria.”
Bom,
minha curiosidade neste tema me levou a algumas vivências e através destas
cheguei na compreensão do tantra como um
caminho espiritual.
Interessante
é que as primeiras experiências que me sintonizaram com tantra vieram por
outros caminhos que não alguma “escola tântrica”... foram as vivências de
iniciação no Sagrado Feminino e na Sexualidade Sagrada que cheguei por meio da
dança do ventre. Ali foi o início da minha compreensão consciente das
correlações entre os ciclos da natureza e do corpo, de vida/morte/renascimento,
das polaridades, do Uno... e também as primeiras percepções do fluxo de energia
no meu corpo.
Pouco
tempo depois fiz uma aula experimental de Kundaliní Yoga (ensinamentos de YB) que foi totalmente de
encontro ao que eu vinha vivenciando e conhecendo de corpo/energia naquele
momento. Até então eu nada sabia das bases tântricas da Kundaliní Yoga. Segui
praticando-a, segui no Sagrado Feminino, na dança e lendo sobre
Tantra. Outras oportunidades vieram com o tempo, participei de palestras,
cursos e grupos de tantra de diferentes linhas. Embora apresentando práticas e
abordagens distintas, todas elas convergiram em um ponto: a
vivência/experiência.
É
parte da nossa cultura atual uma supervalorização do intelecto e
consequentemente daquilo que está escrito, publicado e racionalmente
comprovado, o que naturalmente nos leva a LER sobre tantra, porém não está aí a
grande fonte dos ensinamentos, é necessário vivenciar, sentir, experienciar,
permitir-se acessar a fonte da sabedoria, o seu próprio saber diretamente
conectado com a origem divina da sua existência, sua própria origem. A vivência
se dá primeiramente através do corpo, da matéria, dos sentidos e então pode
seguir para além destes.
Você
pode ler livros e mais livros, artigos e pesquisas avançadas sobre meditação,
entender seu mecanismo de funcionamento, benefícios e tal, mas isso não te
mostra o meditar de fato. Então você pratica, experiencia as etapas deste
caminho, vivencia a meditação e saberá com clareza o que é isso. Talvez sua
experiência seja tão completa em si mesma que não se façam necessárias teorias
sobre ela.
Olhando
para o tantra como instrumento de expansão da consciência, conforme uma de suas
traduções, as tradições tântricas possuem formas de despertar, mobilizar,
direcionar e ascender a energia vital, transcender os opostos e acessar a
unicidade divina. Os conhecimentos tântricos sobre chakras, nadís e kundaliní
estão evidentes nesta parte da tradição.
Uma
vez que o estado divino de unicidade antecede as polaridades na existência, o
caminho inverso, pra acessar esta dimensão da origem, implica na união
harmônica destas polaridades, as energias feminina e masculina. Neste ponto reside
a imensurável beleza da Sexualidade Sagrada e ao mesmo tempo toda a confusa
interpretação ocidental da relação entre tantra e sexo...
Entender
tantra como uma via de contato sexual é um equívoco, reduzir tantra a um manual
de sexualidade – frisando que sexualidade
é diferente de contato sexual - é um
pouco “menos pior”, mas ainda assim é muito raso, é como fazer um curso de dois
meses sobre dor de garganta e sair deste dizendo que é médico, percebe?
Também,
quando se fala de polaridades feminina e masculina neste contexto, é mais amplo
que mulher e homem, refere-se às energias presentes nas diversas formas da
existência. Há todo um conjunto de ações, comportamentos e atitudes diárias,
consigo mesm@, com @s demais, com os alimentos, com os animais, com as plantas,
com a Mãe Terra, com os astros...a teia da existência, somos um todo
interligado, e tudo isto faz parte deste caminho espiritual.
É fato que existe o contato sexual em um determinado estágio da prática
espiritual de algumas tradições tântricas no Oriente, contudo, tal ritual é
essencialmente diferente daquilo que nós ocidentais entendemos como sexo
culturalmente aqui. Para se olhar pro encontro sexual ritualístico do tantra no
Oriente é preciso inicialmente desmanchar os pré-conceitos sobre sexo, comuns na
cultura ocidental, reconectar com o significado sagrado do ato criador da vida
e compreender todo o contexto, bem como o processo de tal tradição até se
chegar neste estágio do contato sexual, que não é a qualquer tempo com qualquer pessoa, quem o representa passa por iniciações e preparo espiritual durante anos.
Imagine
que você é visitante de uma comunidade, você acaba de chegar no local e
presencia uma discussão seguida de uma briga, todos estão vendo e ninguém se
importa, você indignad@ aparta a briga e imediatamente descobre que aquilo não
passava de um ensaio de teatro, tod@s ali sabiam e por isso não se importavam.
Olhar
pra um ato de outra cultura, sem estar inserido em seu contexto, fragmenta o
fato e o coloca sob um olhar que é baseado em outros conceitos, sujeitando-o inevitavelmente
a interpretações errôneas. Algo importante de se lembrar ao ver um ritual de uma outra cultura.
Mas
não são todas as tradições que apresentam ritual de contato sexual, há
diferentes formas de agir sobre a energia vital mantendo o mesmo propósito. Dentre
as minhas experiências pude conhecer algumas abordagens distintas, perceber seus
efeitos imediatos e tardios e decidir o caminho a seguir.
Tantra Yoga Branco |
Todo
trabalho de ativação de energia feito em grupo se potencializa. Experimente
entoar um mantra sozinh@ sentindo sua vibração, depois experimente fazê-lo em
grupo e sentirá que é outra vibração. Isto se dá pela formação de um campo de
energia gerado pela vibração conjunta d@s integrantes do grupo.
No
caso de um grupo tântrico, por exemplo, esta vibração do campo gerado influenciará
a vibração pessoal de cada um(a) do grupo. As energias de maior densidade d@s
integrantes do grupo, que necessitam ser modificadas em sua frequência pra
entrarem em sintonia com uma vibração mais sutil, serão transmutadas em outro
campo cuja vibração é mais elevada do que a deste campo gerado pelo grupo, para
isso acontecer é imprescindível que o trabalho seja adequadamente guiado, quem
guia deve estar em conexão direta com o campo mais sutil e será então o canal de
transmutação destas energias do grupo. Se isto não ocorrer todas estas
vibrações permanecerão neste campo, eventualmente o próprio campo pode vibrar
de forma a processá-las, mas não se pode contar com isso. A corrente espiritual com a qual o grupo entrará em sintonia faz toda a diferença.
Daí
a importância de se ter atenção na escolha do terreno em que vai pisar. Tantra
é uma energia muito potente e intensa e precisa ser mobilizada adequadamente
pra que realmente se manifeste como instrumento de expansão da consciência e também pra que seja mobilizada em benefício de todos os seres.
Pra
finalizar, ressalto que as vivências em grupo são poderosas e importantes, mas obviamente
não eliminam a necessidade de um eficiente trabalho diário sobre si mesma/o. Cada
um(a) é responsável por sua própria vibração de consciência.
Meditemos! _/\_
Álika
http://alexgrey.com/ |
Querida Álika,
ResponderExcluirAcabei de ler seu blog interessante. Motivação Tantra. Seu trabalho sucesso!
Beijo
Fernanda Machado
Gratidão!
ResponderExcluir